“Que o teu sim seja sim e o teu não, não”
Do Talmud
Como mãe e psicoterapeuta me deparo muitas vezes com situações onde os limites são necessários, mas nem sempre é fácil saber até onde ir e quando, o “não” fica às vezes engasgado e muitas vezes não sai mesmo!
Parece tão difícil valer o sentido de uma palavra tão simples e pequena.
Porque nos esbarramos em tantas dificuldades para expressá-la? Principalmente se é para os filhos?
O “não” é visto como impossibilidade, mas na realidade ele é fundamental para o equilíbrio emocional e a saúde mental em longo prazo.
O “não” é um elemento importante na formação do “eu”.
Por isso é importante que nós pais exerçamos nossa paternidade, auxiliando nossos filhos a aceitar o “não” e a dizer não, pois ele não é negação, mas afirmação do nosso ponto de vista. E bem sabemos como é difícil fazer valer nossa opinião de maneira equilibrada.
Desde a gestação, a relação entre pais e filhos se estabelece pela restrição, pelo limite do útero e da placenta, mas esses limites não impedem. Ao contrário possibilitam as trocas necessárias para a vida.
Colocar limites nos desejos e instintos é educar.
Desde o nascimento é preciso que o bebê sinta a necessidade, ter fome é um estímulo, que ele precisa perceber antes de ser saciado. Se nós pais satisfizermos todos os desejos de nossos filhos, superprotegendo-os, criaremos a expectativa de que sempre serão satisfeitos e irão pela vida esperando que suas vontades prevaleçam.
E sabemos que a realidade é outra. Então por que criarmos filhos que não estarão preparados para a vida? Pessoas emocionalmente empobrecidas e com poucos recursos para enfrentar problemas? Muitos de nós não suportamos frustrações, assim não agüentamos frustrar os filhos.
A criança que não aprende a ouvir um não e aceitá-lo, ao se deparar com obstáculos poderá sofrer abalos em sua auto-estima, pois não possuem repertório para lidar com essas situações.
Levantar quem pode se levantar sozinho é restringir sua auto-estima, é tirar a possibilidade da realização, é invadir o espaço do outro.
È importante que nós pais consigamos reconhecer as necessidades e desejos de nossos filhos e saber que a não realização dos mesmos é decorrência da vida, a maturidade emocional permite perceber que frustração nem sempre é sinônimo de infelicidade e que a satisfação dos desejos nem sempre é garantia de felicidade.
Sendo assim o nosso papel como pais é dar continuidade ao que a natureza iniciou, estabelecer limites, com bom senso e amor, contribuindo para a melhora do repertório emocional dos nossos filhos, favorecendo que possam enfrentar dificuldades como pessoas verdadeiramente felizes e socialmente comprometidas.
Portanto vamos exercer nossa paternidade, vamos dizer “não!” quando necessário e sim sempre que possível.
Marisa Appolinario
Psicóloga Clínica e Analista Reichiana
Disseram